quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Pelos cotidianos da vida

Certo dia disse a alguém que estava tudo bem comigo. Que eu me olhava no espelho pela manhã e podia ficar tranquilo pois só tinha a barba para fazer. Outras pessoas também ouviram essas palavras.

Todas as manhãs o espelho me lembra que está tudo bem. Todas as manhãs a barba está lá para me lembrar de nunca esquecer de me barbear, como uma frase escrita em um quadro-negro que apago de manhã antes de sair de casa, mas que na manhã seguinte estará lá para ser lida e apagada, obsessivamente. Talvez eu mesmo tenha escrito a frase.

Percebo agora que ao ver meu rosto refletido naquele espelho, procuro pelos possíveis pelos que deixei de tirar com a lâmina e xingo a lâmina por estar gasta, e a empresa que produz a lâmina por não fazer um produto que dure mais. Percebo que algumas vezes cortei meu rosto tentando tirar um pelo que insistia em não sair e que já fiz uso de uma pinça para retirar outro pelo, ou o mesmo pelo.

Pelamordedeus, diria um personagem de quadrinhos que usa longas costeletas. Decidi não me barbear mais, deixar a frase ali para me lembrar que não dá pra esquecer de tudo.

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