segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sobre gripes, uróboros e tabuleiros

Hoje a OMS – Organização Mundial de Saúde – se prepara para declarar estado de pandemia devido a um enorme surto de gripe suína que está supostamente sem controle nos EUA e a repentina ascenção dos casos da gripe no Japão.

Há cerca de três meses havia o auge de uma crise financeira quebrando bancos nos EUA e no Japão, além, é claro, do insignificante resto do mundo. Em povorosa, assistimos ao presidente norte-americano, Barack Obama – com mãos de ferro, arauto da esperança – criando e recriando planos infalíveis contra a tal crise, injetando bilhares de dólares na economia mundial, "comprando" bancos capengas de fachadas lustrosas. Desemprego generalizado no país capitalista e nos seguidores ferrenhos da cobra que come o próprio rabo, símbolo da eternidade, ouroboros; ouro de tolo.

De repente, eis que surge a gripe suína. Onde? No México. Ora bolas, como é que pode algo tão poderoso e devastador ocorrer em tal lugar?, pergunta algum lobista oportunista e visionário sentado em um banco de praça com seu laptop antenado, às portas da Casa Branca.

Foi então que os americanos do país de Obama resolveram entrar na brincadeira e, em menos de duas semanas, aumentaram o score para quase o dobro do número de casos confirmados da infecção suína que nem de porco é. Mas eles ainda não estão felizes, pois ultrapassar o número de casos confirmados não é o mesmo que ultrapassar o número de mortos pela moléstia.

Eis que entra na briga, o time do Sol Nascente. O furor de raios incandescentes do extremo oriente do planeta Terra. Em um reles fim-de-semana o Japão é atingido por uma bomba infectada com gripe suína. Mais uma vez o Japão entra em cena para dar uma forcinha ao país imperialista do extremo leste, emprestando-lhe seu dedicado povo. Desta vez, não foi um avião que panfleteou o país nipônico.

E mais uma bomba norte-americana cai no Japão.

Curiosamente, o insignificante resto do mundo tem os casos da gripe estacionados. Um ou outro país apresenta algum caso novo, ou alguma suspeita.

Por que não fecharam os aeroportos já no início? Simples: porque não se pode parar a produção mundial de coisas inúteis por causa de uma gripe. Os executivos não podem para de fazer seus negócios, os turistas não podem deixar de gastar seu dinheiro em países tropicais por causa de uma mísera gripe. O que pode é bombardear o mundo com essa planfletagem terrorista. Publicidade mórbida essa.

Tudo bem. Isso está sim parecendo mais uma conversa conspiratória de esquerda, anti-imperialista. Havemos de admitir que é muita coincidência. Não dá para olhar para o mapa-mundi dos infográficos dos jornais e não nos comovermos com um verdadeiro estado de guerra virtual, com a enorme similaridade que isso tudo tem com um tabuleiro de WAR ou mesmo com algum filme hollywoodiano de ficção científica.


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OOOOOoooommmmMMMM...



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Prefiro crer que isso tudo vai por outro caminho, quiçá menos conspiratório, mais próximo de uma realidade que nos recusamos a aceitar: a de que somos humanos, terráqueos, de que pertencemos a este planeta como qualquer outra criatura que por aqui viva.

Não somos extra-terrestres mas preferimos agir como tais. Aliás como os tais que insistimos em retratar de tal forma tão destruidora, ironicamente, da mesma forma como agimos por aqui: pilhando, queimando, destruindo, roubando, violando a terra que não é só nossa.

Assim, é possível vislumbrarmos um campo de batalha onde oscila com o vento do futuro próximo, um enorme painel eletrônico suspenso por raios dourados de sol em nuvens de algodão, em que se vê o placar da batalha do milênio – flâmulas multicoloridas ao redor da arena azul-celeste e um silêncio duro como rocha. Degladiam os times do Grupo A, Homem contra Natureza: A H1xN1.

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